quinta-feira, 29 de agosto de 2013
ESTUDO-25 Onde é a Casa do Tesouro?
ESTUDO-25 Onde é a Casa do Tesouro?
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ESTUDO-25
Onde é a Casa do Tesouro?
Quando se trata da devolução do dízimo, a “casa do tesouro” [Mal.
3:10] é as Igreja mundial ou a igreja local? Alguns creem que a casa do tesouro
é a igreja local, enquanto a igreja mundial como depositária dos dízimos e
ofertas. Qual das duas proposições é a bíblica? Infelizmente a Bíblia não
oferece uma resposta clara. Ao se rever a aplicação do princípio da casa do
tesouro no tempo do antigo Israel podemos avaliar melhor qual é o tipo de prática que o
Israel moderno deve seguir.
A Casa do Tesouro no Antigo Testamento
A mais antiga
referência sobre o assunto diz respeito à devolução do dízimo de Abraão ao sumo
sacerdote Melquisedeque. (Gên. 14:20) Neste caso, Abraão considerou que
Melquisedeque era a casa do tesouro. Antes da travessia do Rio Jordão, os
israelitas foram instruídos pelo Senhor a devolver todos os dízimos a Ele (Lev.
27:30, 32) e Ele daria aos filhos de Levi “todos os dízimos em Israel por
herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. (Núm.
18:21) Os próprios levitas também foram instruídos a dizimar (v. 28)”. Após a
conquista de Canaã, dado o fato de que os levitas não receberam “herança quando
a terra foi dividida entre as tribos, nem possuíam “renda própria” (Núm.
18:20), passaram a morar em áreas dispersas, geralmente em 48 cidades
especialmente designadas para eles. (Núm. 35:6) Logo após a travessia do
Jordão, os israelitas armaram o tabernáculo em Gilgal, e mais tarde em Siquém,
Siló, Nobe e Gibeom. Todos os homens israelitas eram convocados a se reunir em
um desses lugares para adorar pelo menos três vezes em festas anuais (Êxo. 23:
17) e eram instruídos a trazer ofertas consigo pois ninguém deveria se
apresentar de mãos vazias perante o Senhor (v. 15). Os sacrifícios poderiam ser
oferecidos somente nos locais designados por Deus. (Deut. 12:11) Os que
consideram a igreja local como casa do tesouro podem argumentar citando
Deuteronômio 14:22- 29. Tal posição é vista pelos eruditos judeus como o
“segundo dízimo” também concordo com tal
interpretação considerando que assim como havia muitos sábados cerimoniais mas
apenas um único Sábado santificado semanalmente, assim também havia outros
dízimos junto com o dízimo sagrado usado apenas para o sustento dos
levitas.
Período da monarquia
Nos primeiros anos
do seu reinado, Davi trouxe a arca sagrada para Jerusalém (II Sam. 6) e,
posteriormente, seu filho Salomão construiu um belo templo que se tornou um
local permanente para a recepção de dízimos e ofertas (I Reis 6). Com o passar
do tempo, a prática de devolver dízimos e ofertas às 48 cidades designadas aos
levitas foi interrompida. Parece que todos os israelitas passaram a devolver os
dízimos e as ofertas diretamente à tesouraria do templo. Observe a prática em
voga durante o reinado de Ezequias: “Além disso ordenou ao povo, moradores de
Jerusalém, que contribuísse com sua parte devida aos sacerdotes e levitas para
que pudessem dedicar-se à lei do Senhor. Logo que se divulgou essa ordem, os
filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias do cereal, do vinho, do
azeite, do mel, e de todo produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram
em abundância. Os filhos de Israel e Judá que habitavam nas
cidades de Judá, também trouxeram dízimos das vacas e das
ovelhas, e dízimos das cousas que foram consagradas ao Senhor seu Deus; e
fizeram montões e montões. No terceiro mês começaram a fazer os primeiros
montões; e no sétimo mês acabaram. Vindo pois Ezequias e os príncipes, e vendo
aqueles montões, bendisseram ao Senhor e ao seu povo Israel. Perguntou Ezequias
aos sacerdotes e aos levitas acerta daqueles montões. Então o sumo sacerdote
Azarias, da casa de Zadoque, lhe respondeu: desde que se começou a trazer à
casa do Senhor estas ofertas, temos comido e nós temos fartado delas, e ainda
há sobra em abundância; porque o Senhor abençoou ao seu povo, e esta grande
quantidade é o que sobra. Então ordenou Ezequias que se preparassem depósitos
na casa do Senhor. Uma vez preparados, recolheram neles fielmente as ofertas,
os dízimos e as cousas consagradas”. (II Crô. 31:4-12)
Esta passagem sugere que depois da divisão das 12 tribos, as 48 cidades
especialmente designadas para servir de habitação aos levitas não mais
funcionavam como cidades durante o período dos juízes. Naquele momento, sob
condições diferentes, era mais oportuno devolver os dízimos e ofertas
diretamente ao Templo em Jerusalém.
Cativeiro pós-babilônico
Após o cativeiro
babilônico, sob a liderança reformatória de Neemias, o sistema de remessa e
devolução dos dízimos foi restaurado conforme a prática no passado. “O
sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os
dízimos e os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às
câmaras da casa do tesouro. Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os
filhos de Levi devem trazer ofertas do cereal, do vinho e do azeite”. (Ne.
10:38,39) “Ainda no mesmo dia se nomearam homens para as câmaras dos
tesouros, das ofertas, das primícias e dos dízimos para ajuntarem nelas, das
cidades, as porções designadas pela lei para os sacerdotes e para os levitas;
pois Judá estava alegre, porque os sacerdotes e os levitas ministravam ali”.
(Ne. 12:44) Mais tarde, entre as duas gestões de Neemias como governador, as
pessoas caíram em apostasia e pararam de devolver o dízimo; por isso, Neemias
protestou contra os líderes e o povo por negligenciarem a casa de Deus (Ne.
13:11). Eles se arrependeram e reinstauraram o sistema do dízimo (verso 12).
Foi durante esse tempo que Deus, através do profeta Malaquias, convocou Seu povo
para uma reforma tanto no estilo de vida individual como corporativo. “Roubará
o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas”. (Mal. 3:8)
Naquele momento, sob condições diferentes, era mais oportuno devolver os
dízimos e ofertas diretamente ao Templo em Jerusalém
Então, segue-se a ordem de Deus e a promessa: “Trazei todos os dízimos à
casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz
o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar
sobre vós bênção sem medida”.(v.10). Observe as palavras “casa do tesouro” e
“minha casa”, ambas referem-se ao mesmo lugar, Onde era então a casa do
tesouro? Obviamente no templo de Jerusalém.
A estocada das palavras de Malaquias e a compreensão do povo a respeito
delas era clara. Ambas compreendiam a palavra “casa do tesouro” como uma
referência ao santuário, o Templo em Jerusalém. Pode haver alguma validade no
argumento de que a remessa local dos dízimos aos levitas ocorria em pequenas
vilas e cidades em determinadas épocas no passado; contudo, no tempo de Neemias
e Malaquias, compreendia-se inequivocamente que o texto de Malaquias referia-se
ao Templo em Jerusalém como a casa do tesouro.
A prática do Novo Testamento
Apenas 11 passagens no Novo Testamento referem-se ao dízimo e nenhuma
delas contém alguma informação sobre a casa do tesouro. Assim, não temos dados
suficientes para afirmar como os crentes desse período praticavam o princípio
da “casa do tesouro”.
O Novo Testamento nos afirma, de fato, que Paulo coletava fundos de
algumas congregações para auxiliar os crentes pobres em Jerusalém que passavam
fome (II Cor. 8:19). Afora alguns poucos exemplos sobre ofertas, não há
informações sobre a coleta do dízimo e desse modo, o que nos resta é confiar no
Antigo Testamento para compreender o significado de “casa do tesouro” e sua
utilização.
Conclusão
Nossa discussão leva-nos às seguintes conclusões:
1. A Bíblia ensina que o dízimo deve ser devolvido à casa do tesouro.
2. A prática de remessa do dízimo sempre envolvia ou a casa do tesouro
do tabernáculo ou a casa do tesouro do Templo em Jerusalém.
3. No Antigo Testamento a localização da casa do tesouro nem sempre era
permanente, porque o tabernáculo movia-se de um lugar para o outro até se
estabelecer permanentemente em Jerusalém.
4. A Comunidade Pentecostal
Cristo para as Nações endente que: “casa do tesouro” é a igreja local onde
congregamos.
ESTUDO-24 DIFERENTES REAÇÕES A JESUS
ESTUDO-24 DIFERENTES REAÇÕES A JESUS
DATA._____/_____/______
ESTUDO-24
DIFERENTES REAÇÕES A JESUS.
REFERENCIA MARCOS 14:1-31
INTRODUÇÃO
Jesus está vivendo sua última semana em Jerusalém. Esta
semana é a culminação de todo o seu ministério e a concretização do projeto
eterno de Deus. Ele veio para esse fim.
Diferentes reações a Jesus são vistas nesta semana: as
autoridades religiosas querem matá-lo, enquanto o povo simpatizava-se com ele;
uma mulher anônima demonstra seu amor a ele, enquanto Judas o trai e Pedro é
advertido sobre sua arrogante autoconfiança. Desta maneira Marcos confronta o
leitor com a necessidade de tomar uma posição; ninguém pode ficar neutro diante
de Jesus.[1]
O texto aborda vários aspectos apontando para o fato de que
Jesus já está vivendo à sombra da cruz.
I. UM PLANO FRUSTRADO
1. O cenário já estava pronto – (14.1)
A entrada triunfal de Jesus a Jerusalém deu-se no período de
maior fluxo de gente na cidade santa, a festa da Páscoa. Nesse tempo o povo
judeu celebrava a sua libertação do Egito. A festa girava em torno do cordeiro
que devia ser morto bem como dos pães asmos que relembravam os sofrimentos do
êxodo. Jesus escolhe esta festa para morrer. Ele veio por amor, voluntário como
o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. William Hendriksen diz que o dia
em que acontecia o sacrifício do cordeiro era seguido pela festa dos Pães
Asmos, que se prolongava por sete dias de celebração. A ligação entre a ceia da
Páscoa e a Festa dos Pães Asmos é tão grande, que o termo “páscoa”, algumas
vezes, cobre ambas (Lc 22.1).[2] Dewey Mulholland diz que no tempo de Jesus, a
Páscoa e a Festa dos Pães Asmos tinham sido reunidas numa única “Festa da
Páscoa” com a duração de sete dias.[3]
Jesus queria morrer no dia da Páscoa. Adolf Pohl diz que a
relação da morte de Jesus com a Páscoa faz parte evidente dos pensamentos de
Deus, e assim, das suas disposições. Por isso Paulo pôde escrever mais tarde:
“Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1Co 5.7).[4]
2. A conspiração já estava armada – (14.1)
Os principais sacerdotes e os escribas estavam mancomunados
para prenderem e matarem Jesus. Esse plano não era novo. Ele já vinha de certo
tempo (3.6; 12.7; Jo 5.18; 7.1,19,25; 8.37,40; 11.53). Eles já tinham escolhido
a forma de fazê-lo, à traição. Mas eles aguardavam uma ocasião oportuna para o
matarem e decidiram que deveria ser depois da festa. Isto não porque tivessem
escrúpulos, mas porque temiam o povo.
William Hendriksen diz que quando a corrupção invade a
Igreja, o processo, normalmente, começa no topo. Nenhuma política é tão suja
quanto a eclesiástica.[5]
3. O plano de Deus já estava determinado – (14.2)
Os líderes religiosos de Israel decidiram que Jesus seria
morto depois da Páscoa, mas Deus já havia determinado que seria durante a
Páscoa, na época em que a cidade estava mais apinhada de gente. As coisas não
aconteceram como haviam planejado. “Não durante a festa”, diziam os
conspiradores. “Na festa”, disse o Todo-poderoso. Este era o decreto divino,
diz William Hendriksen.[6]
II. UM AMOR DEMONSTRADO – (14.3-9)
1. Maria deu o seu melhor – (14.3)
Nem Marcos nem Mateus nos informam o nome da mulher que
ungiu Jesus, mas João nos conta que ela era Maria de Betânia, a irmã de Marta e
Lázaro (Jo 12.1-3). Jesus estava em casa de Simão, o leproso na cidade de
Betânia, participando de um jantar. Esse jantar possivelmente foi motivado pela
gratidão de Simão e Maria. Esta, num gesto pródigo de gratidão e amor quebrou
um vaso de alabastro e derramou o preciosíssimo perfume de nardo puro sobre a
cabeça de Jesus. O perfume havia sido extraído do puro nardo, isto é, das
folhas secas de uma planta natural do Himalaia.[7]
Maria aparece apenas três vezes nos evangelhos e em todas as
ocasiões estava aos pés de Jesus para aprender (Lc 10.39), para chorar (Jo
11.32,33) e para agradecer (Jo 12.1-3).
2. Maria deu sacrificialmente – (14.4,5)
Aquele perfume foi avaliado por Judas em trezentos denários
(Jo 12.5). Representava o salário de um ano de trabalho. Judas e os demais
discípulos ficaram indignados com Maria e considerando seu gesto um
desperdício. Eles culparam Maria de ser perdulária e de administrar mal os
recursos. Eles murmuraram contra ela, dizendo que aquele alto valor deveria ser
dado aos pobres. Warren Wiersbe diz que Judas criticou Maria por desperdiçar
dinheiro, mas ele desperdiçou sua própria vida.[8]
O que Maria fez foi único em criatividade, régio em sua
generosidade e maravilhoso em sua intemporalidade, diz William Hendriksen.[9]
3. Maria buscou agradar só ao Senhor – (14.3-7)
Maria demonstrou seu amor a Jesus de forma sincera e não
ficou preocupada com a opinião das pessoas à sua volta. Ela não buscou
aprovação ou aplauso das pessoas nem recuou diante das suas críticas. O amor é
extravagante, ele sempre excede!
A devoção de Maria se destaca em vivo contraste com a
malignidade dos principais sacerdotes e a vil traição de Judas.[10]
4. Maria demonstrou amor em tempo oportuno – (14.7,8)
Maria demonstrou seu amor generoso a Jesus antes da sua
morte e antecipou-se a ungi-lo para a sepultura (14.8). As outras mulheres
também foram ungir o corpo de Jesus, mas quando elas chegaram lá, ele já não
estava mais lá, pois havia ressuscitado (16.1-6). Muitas vezes demonstramos o
nosso amor como Davi a Absalão, tarde demais. Muitas vezes enviamos flores
depois que a pessoa morre, quando já não pode mais sentir seu aroma.
5. Maria foi elogiada pelo Senhor – (14.6,9)
Jesus chamou o ato de Maria de boa ação (14.6) e disse que
seu gesto deveria ser contado no mundo inteiro para que sua memória não fosse
apagada (14.9). William Barclay comenta esse episódio assim,
Jesus disse que o que a mulher havia feito era bom. No grego
há duas palavras para diferentes para definir bom. A primeira é agathos que
descreve uma coisa moralmente boa. A segunda é kalos que descreve algo que não
só é bom, mas também formoso. Uma coisa pode ser agathos e ainda ser dura,
austera e sem atrativo. Mas uma coisa que é kalos é atrativa e bela, com certo
aspecto de encanto.[11]
III. UM TRAIDOR APONTADO – (14.10,11,17-21)
1. Judas, o entreguista – (14.10)
Judas Iscariotes era um dos doze. Foi amado por Jesus, andou
com Jesus, ouviu Jesus, viu os milagres de Jesus, mas perdeu a maior
oportunidade da sua vida. Sabendo da trama dos principais sacerdotes em prender
e matar Jesus, o entregou.
2. Judas, o avarento – (14.11)
O evangelista Mateus aponta a motivação de Judas em procurar
os principais sacerdotes: “Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E
pagaram-lhe trinta moedas de prata” (Mt 26.15). A motivação de Judas em
entregar Jesus era o amor ao dinheiro. Ele era ladrão (Jo 12.6). Seu deus era o
dinheiro. Ele vendeu sua alma, seu ministério, suas convicções, sua lealdade.
Tornou-se um traidor. Adolf Pohl diz que a recompensa pela traição representou
somente um décimo do valor do óleo da unção usado por Maria para ungir
Jesus.[12] O dinheiro recebido por Judas era o preço de um escravo ferido por
um boi (Ex 21.32). Por essa insignificante soma de dinheiro, Judas traiu o seu
Mestre!
3. Judas, o dissimulado – (14.17,18)
Jesus vai com seus discípulos para o cenáculo, para comer a
Páscoa. E Judas está entre eles. No Cenáculo Jesus demonstrou seu amor por
Judas, lavando-lhe os pés (Jo 13.5), mesmo sabendo que o diabo já tinha posto
no coração de Judas o propósito de traí-lo (Jo 13.2). Judas não se quebranta
nem se arrepende, ao contrário, finge ter plena comunhão com Cristo, ao comer
com ele (14.18). Nesse momento o próprio Satanás entra em Judas (Jo 13.27) e
ele sai da mesa para unir-se aos inimigos de Cristo e entregar Cristo a eles.
William Hendriksen diz que o que causou a ruína de Judas foi sua indisposição
de orar pela renovação da sua vida. A sua destruição deveu-se à sua
impenitência.[13]
Jesus já havia dito que seria traído (9.31; 10.33), mas
agora declara especificamente que será traído por um amigo. O traidor não é
nomeado; pelo contrário, a ênfase está na participação dele na comunhão como um
dos doze. Toda comunhão à mesa é, para o oriental, concessão de paz,
fraternidade e confiança. Comunhão à mesa é comunhão de vida. A comunhão à mesa
com Jesus tinha o significado de salvação e comunhão com o próprio Deus.[14]
Abalados e entristecidos com isso, os discípulos estão confusos. Cada um
preocupa-se com a acusação como se fosse contra si. Um a um perguntam:
“Porventura sou eu?” (14.19). Sua autoconfiança fora abalada.[15]
4. Judas, o advertido – (14.20,21)
Judas trai a Jesus à surdina, na calada da noite, mas Jesus
o desmascara na mesa da comunhão. Jesus acentua sua ingratidão, de estar
traindo seu Senhor e seu hóspede. Jesus declara que ele sofrerá severa
penalidade por atitude tão hostil ao seu amor: “… ai daquele por intermédio de
quem o Filho do homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!”
(14.20,21).
Mulholland diz que o traidor participa cumprindo o plano de
Deus. Ele o faz por livre vontade, não como um robô. A soberania divina não
diminui a responsabilidade humana.[16] Somos responsáveis pelos nossos próprios
pecados. William Barclay ilustra esse fato,
A lenda grega conta de dois famosos viajantes que passaram
pelas rochas aonde cantavam as sereias. Essas se sentavam nas rochas e cantavam
com tal doçura que atraíam irresistivelmente os marinheiros para sua ruína.
Ulisses navegou a salvo frente a essas rochas. Seu método foi tapar os ouvidos
dos marinheiros para que não pudessem ouvir, e ordenou que o atassem firmemente
com cordas no mastro do navio a fim de que em hipótese algum pudesse
desvencilhar-se. O outro viajante foi Orfeu, o mais encantador dos músicos. Seu
método foi tocar e cantar com tal doçura que mesmo o barco passando em frente
às rochas das sereias, o canto dessas não era ouvido diante da música excelente
que ele entoava. Seu método foi responder ao atrativo da sedução com um
atrativo maior ainda. Este método é o método divino. Deus não nos impede
forçosamente de pecar, mas nos insta a amá-lo de tal forma que sua voz seja mais
doce aos nossos ouvidos que a voz de sedução.[17]
IV. UM PACTO SELADO – (14.22-26)
1. O símbolo do pacto – (14.22,23)
Esta cena é um dos pontos teológicos mais vibrantes no
Evangelho de Marcos. Aqui Jesus interpreta o significa último da sua morte, diz
Donald Senior.[18]
Jesus abençoa e parte o pão; toma o cálice e dá graças. Pão
e vinho são os símbolos do seu corpo e de seu sangue. Com estes elementos Jesus
instituiu a Ceia do Senhor.
A questão da Ceia tem sido motivo de acirrados debates na
história da igreja. Não é unânime o entendimento desses símbolos. Há quatro
linhas de interpretação:
Em primeiro lugar, a transubstanciação. A igreja romana crê
que o pão e o vinho transubstanciam-se na hora de consagração dos elementos e
se transformam em corpo, sangue, nervos, ossos e divindade de Cristo.
Em segundo lugar, a consubstanciação. O luteranismo crê que
os elementos não mudam de substância, mas Cristo está presente fisicamente nos
elementos e sob os elementos.
Em terceiro lugar, o memorial. O reformador Zwinglio
entendia que os elementos da Ceia são apenas símbolos e que a ela é apenas um
memorial para trazer-nos à lembrança o sacrifício de Cristo.
Em quarto lugar, o meio de graça. O calvinismo entende que a
Ceia é mais do que um memorial, mas também, um meio de graça, de tal forma que
somos edificados pela participação digna da Ceia.
2. O significado do pacto – (14.24)
O que Jesus quis dizer quando afirmou que o cálice
representava um novo pacto? A palavra pacto é comum na religião judaica. A base
da religião judaica consistia no fato de Deus ter entrado num pacto com Israel.
A aceitação do antigo pacto está registrada em Êxodo 24.3-8. O pacto dependia
inteiramente de Israel guardar a Lei. A quebra da Lei implicava na quebra do
pacto entre Deus e Israel. Era uma relação totalmente dependente da Lei e da
obediência à mesma. Deus era o juiz. E posto que ninguém podia guardar a Lei, o
povo sempre estava em débito. Mas Jesus introduz e retifica um novo pacto, uma
nova classe de relacionamento entre Deus e o homem. E não depende da Lei,
depende do sangue que Jesus derramou.[19] O antigo pacto era ratificado com o
sangue dos animais, mas o novo pacto é ratificado no sangue de Cristo.
A nova aliança está firmada no sangue de Jesus, derramado em
favor de muitos. Na velha aliança nós buscávamos fazer o melhor para Deus e
fracassamos. Na nova aliança Deus fez tudo por nós. Jesus se fez pecado e
maldição por nós. Seu corpo foi partido, seu sangue vertido. Ele levou sobre o
seu corpo, no madeiro, nossos pecados. Deus fez cair sobre ele a iniqüidade de
todos nós.
A redenção não é universal. Ele derramou seu sangue para
remir a muitos e não para remir a todos (Is 53.12; Mt 1.21; 20.28; Mc 10.45; Jo
10.11,14,15,27,28; 17.9; At 20.28; Rm 8.32-35; Ef 5.25-27). Se fosse para remir
a todos, ninguém poderia se perder.
3. A consumação do pacto – (14.25)
A Ceia do Senhor aponta para o passado e ali vemos a cruz de
Cristo e seu sacrifício vicário em nosso favor. Mas ela também aponta para o
futuro e ali vemos o céu, a festa das bodas do Cordeiro, quando ele vai nos
receber como Anfitrião para o grande banquete celestial. Adolf Pohl diz que a
ênfase está na reunião festiva com ele, não na duração ou dificuldade do tempo
de espera. O crucificado será, vivo, o centro do banquete que Deus vai oferecer
(Is 25.6; 65.13; Ap 2.7), e o sem-número de Ceias desembocará na “ceia das
bodas do Cordeiro” (Ap 19.9).[20]
V. UM FRACASSO DESTACADO – (14.27-31)
1. Um alerta solene – (14.27)
Jesus, citando o profeta Zacarias fala que todos os
apóstolos, sem exceção, vão se escandalizar com ele, quando ele for ferido. A
atitude covarde dos discípulos fugindo no Getsêmani, depois da sua prisão não
apanhou Jesus de surpresa.
Jesus predisse que todos se escandalizariam dele (14.27).
Todos disseram que isso nunca aconteceria (14.31). Um pouco mais tarde, todos o
abandonaram e fugiram (14.50).
2. Uma promessa consoladora – (14.28)
Jesus destaca aqui três verdades importantes.
Em primeiro lugar, fala sobre sua morte. Jesus veio para
morrer e ele caminha para a cruz como um rei caminha para a coroação.
Em segundo lugar, fala sobre sua ressurreição. A morte não
teria o poder de retê-lo na sepultura. Ele triunfaria sobre a morte.
Em terceiro lugar, fala sobre seu plano na vida dos
apóstolos. Jesus se apressa em acrescentar que nem sua morte nem a fuga dos
discípulos será definitiva. Ele ressuscitará e irá antes deles para a Galiléia.
“O lugar do começo deles (3.14) haveria de ser também o lugar do novo começo
deles (16.7)”.[21] O cristianismo não é um corolário de crenças e dogmas, mas
uma Pessoa. Ser cristão é seguir a Cristo. Ele vai adiante de nós. Ele nos
encontra e nos restaura nos lugares comuns da nossa vida.
3. Uma pretensão vaidosa – (14.29-31)
Pedro considerou-se uma exceção. Ele julgou-se melhor dos
que seus condiscípulos. Ele pensou ser mais crente, mais forte, mais confiável
que seus pares. Ele queria ser uma exceção na totalidade apontada por Jesus.
Pensou jamais se escandalizar com Cristo. Achou que estava pronto para ir para
a prisão e até para a morte. Jesus, entretanto, revela a Pedro que naquela
mesma noite, sua fraqueza seria demonstrada e suas promessas serias quebradas.
Os outros falharam, mas a falta de Pedro foi maior. Nas palavras de Schweizer:
“Aquele que se sente seguro e se considera diferente de todos os demais cairá
ainda mais profundamente”.[22] O apóstolo Paulo exorta: “Aquele, pois, que
pensa estar em pé, veja que não caia” (1Co 10.12). A Palavra de Deus alerta: “O
que confia no seu próprio coração é insensato” (Pv 28.26).
REFERENCIAS
[1] Dewey M. Mulholland. Marcos: Introdução e Comentário. 2005: p. 206.
[2] William
Hendriksen. Marcos. 2003: p. 698,699.
[3] Dewey M. Mulholland. Marcos: Introdução e Comentário.
2005: p. 207.
[4] Adolf Pohl. Evangelho de Marcos. 1998: p. 387.
[5] William
Hendriksen. Marcos. 2003: p. 699.
[6] William
Hendriksen. Marcos. 2003: p. 700.
[7] William
Hendriksen. Marcos. 2003: p. 704.
[8] Warren
W. Wiersbe. Be Diligent. 1987: p. 133.
[9] William
Hendriksen. Marcos. 2003: p. 705.
[10] Ernesto Trenchard. Una Exposicion del Evangelio según
Marcos. 1971: p. 176.
[11] William Barclay. Marcos. 1974: p. 336.
[12] Adolf Pohl. Evangelho de Marcos. 1998: p. 393.
[13]
William Hendriksen. Marcos. 2003: p. 710.
[14] Adolf Pohl. Evangelho de Marcos. 1998: p. 397.
[15] Dewey M. Mulholland. Marcos: Introdução e Comentário.
2005: p. 210.
[16] Dewey M. Mulholland. Marcos: Introdução e Comentário. 2005: p. 210.
[17]
William Barclay. Marcos. 1974: p. 345,346.
[18] Donald
Senior. The Passion of Jesus in the Gospel of Mark. Liturgical Press. 1991: p.
53.
[19]
William Barclay. Marcos. 1974: p. 349.
[20] Adolf Pohl. Evangelho de Marcos. 1998: p. 404.
[21] Adolf Pohl. Evangelho de Marcos. 1998: p. 406.
[22] Eduard
Schweizer. The Good News according to Mark. John Know Press. 1970: p. 308.
Rev.
Hernandes Dias Lopes
ESTUDO-23 A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE
ESTUDO-23 A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE
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ESTUDO-23
A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE
INTRODUÇÃO
Até aqui Marcos descreveu cinco confrontações entre Jesus e
os líderes. Eles o acusaram de assumir prerrogativas divinas (2.7),
relacionar-se com pessoas “ruins” (2.16), permitir que os seus discípulos “não
guardassem” o sábado (2.24), de ele mesmo não guardar o sábado (3.2,6) e
expulsar demônios por Belzebu (3.22). Esta confrontação, agora, centra-se ao
redor de uma questão básica (7.5): “O que deve regular a vida: A tradição
humana ou a Palavra de Deus?” A resposta de Jesus deu ensejo a que Jesus
ensinasse acerca da verdadeira espiritualidade.
I. A ACUSAÇÃO – v. 1-5
1. A identidade dos acusadores – v. 1
Os escribas e fariseus eram os guardiões da tradição
judaica. Eles eram farejadores de heresias. Eles eram detetives da vida alheia.
Por onde quer Jesus andasse, eles estavam espreitando-o para encontrar alguma
heresia para o acusador.
William Hendriksen diz que os escribas eram os especialistas
da lei. Eles a estudavam, interpretavam e a ensinavam ao povo. Mais exatamente
eles transmitiam para sua própria geração as tradições, que de geração em
geração, tinham sido passadas com respeito à interpretação e aplicação da lei.
Essas tradições tinham tido sua origem no ensino de rabinos veneráveis do
passado. Os fariseus, por sua vez, eram aqueles que tentavam fazer todos crerem
que eles, os separatistas, estavam vivendo, de acordo com o ensino dos
escribas.
2. A prática dos acusadores – v. 3,4
A tradição dos anciãos correspondia a uma coleção de
preceitos, adicionais à Lei de Moisés, que pretendia guiar o israelita na
aplicação dos mandamentos através das variadas circunstâncias da vida. Segundo
os rabinos, Moisés havia dado estes preceitos oralmente aos anciãos de Israel,
os quais haviam transmitido do mesmo modo às gerações sucessivas.
Os escribas e fariseus transformaram a vida espiritual num
fardo pesado com muitas regras e normas. Eles pensavam que da observância
dessas muitas e detalhadas regras e cerimônias de purificação dependia a
própria salvação deles. Eles chegavam ao extremo de toda vez que iam à praça ou
ao mercado, ao voltarem para casa, purificavam o vasilhame e até as camas. Por
ser a praça um centro de reunião de muitas pessoas, julgavam-na impura; além do
mais, podiam esbarrar num gentio impuro. Assim, os judeus precisavam se
purificar toda vez que chegavam em casa.
3. A pergunta dos acusadores – v. 5
Os fariseus e escribas estão escandalizados porque os
discípulos de Cristo não purificavam as mãos para comer nem mesmo prestavam
obediência à tradição dos anciãos. Essa acusação tinha o propósito de atingir a
Cristo. Eles seguiam rituais vazios e queriam que os outros fizessem o mesmo.
Eles estavam cegos e queriam conduzir os outros cegos para o abismo.
Essa lavagem de mãos nada tinha a ver com higiene pessoal ou
a ordenança da lei, mas apenas com a tradição dos escribas e fariseus. Isso era
mais um fardo que eles inventaram para o povo carregar (Mt 23.4).
Esses líderes religiosos cometeram dois grandes equívocos:
Em primeiro lugar, eles pensavam que por observar esses
ritos eram melhores que os outros. Eles tinham um alto conceito de si mesmos. Eles
eram jactanciosos e se julgavam mais santos, mais puros, mais dignos que as
demais pessoas.
Em segundo lugar, eles estavam enganados quanto à natureza
do pecado. A santidade é uma questão de afeição interna e não de ações
externas. Eles pensavam que eram santos por praticarem ritos externos de
purificação. O contraste entre os fariseus e escribas e os discípulos de Cristo
não era apenas entre a lei e os ritos, entre a verdade de Deus e a tradição dos
homens, mas uma divergência profunda sobre a doutrina do pecado e da santidade.
Este conflito não é periférico, mas toca o âmago da verdadeira espiritualidade.
Ainda hoje, muitos segmentos evangélicos coam mosquito e engolem camelo. Os
escribas e fariseus em nome de uma espiritualidade sadia negligenciaram o
mandamento de Deus (7.8), jeitosamente rejeitaram o preceito de Deus (7.9) e
invalidaram a Palavra de Deus (7.13).
II. A REFUTAÇÃO – v. 6-13
1. Jesus descreve o caráter dos acusadores – v. 6
Jesus chama os seus contendores de hipócritas. O hipócrita é
um ator, ele desempenha o papel de uma outra pessoa. Ele não é quem aparenta
ser. Os lábios são de uma pessoa, mas o coração é de outra. John Charles Ryle
alerta para o perigo de estarmos fisicamente na igreja e deixarmos nosso
coração em casa, de sermos uma pessoa aqui e outra acolá.
William Barclay diz que a palavra hypokrites tem uma
história interessante e reveladora. Começa significando simplesmente uma
contestação; para significar logo aquele que contesta num diálogo ou um ator
teatral, e finalmente significa alguém cuja vida é uma atuação sem nenhuma
sinceridade. O hipócrita é o homem que esconde, ou tenta esconder suas
intenções reais por trás de uma máscara de virtude simulada.
O hipócrita é aquele que fala uma coisa e sente outra. Há um
abismo entre suas palavras e seus sentimentos, um hiato entre suas ações e seu
coração, uma esquizofrenia entre seu mundo interior e o exterior.
William Hendriksen diz que um hipócrita é um enganador,
fraudulento, impostor, uma serpente sobre a relva, e um lobo em pele de
cordeiro. Ele finge ser o que, na verdade, não é.
2. Jesus revela a inversão de valores dos acusadores – v. 8
Os escribas e fariseus proclamavam ser defensores da
ortodoxia. Mas o zelo deles não era em preservar e proclamar a Palavra de Deus,
mas em manter a tradição dos anciãos. Eles haviam trocado a verdade pela
mentira. William Hendriksen diz que eles eram culpados de colocar a mera
tradição humana acima do mandamento divino, uma regra feita pelo homem acima de
um mandamento dado por Deus. Os rabinos haviam dividido a Lei Mosaica, ou Torá,
em 613 decretos distintos, com 365 deles sendo considerados proibições,
enquanto 248 eram orientações positivas. Além disso, em conexão com cada
decreto, haviam desenvolvido distinções arbitrárias entre o que consideravam
“permitido”, e o que “não era permitido”. Por meio dessas distinções, eles
tentavam regular cada detalhe da conduta dos judeus: seus sábados, viagens,
comida, jejuns, abluções, comércio, relações interpessoais, etc.
3. Jesus aponta os desvios dos acusadores – v. 7-13
Os escribas e fariseus, tentando reprovar os discípulos de
Cristo, para destruí-lo, foram denunciados de cometer vários desvios na prática
da verdadeira espiritualidade:
Em primeiro lugar, o culto deles era em vão (7.7). Jesus
responde os escribas e fariseus citando para eles a lei e os profetas, ou seja,
Isaías 29.13 e Êxodo 20.12. A autoridade não está nos escritos dos rabinos, mas
na Palavra de Deus. O culto só é verdadeiro quando é regido pela verdade de
Deus e pala sinceridade de coração. Palavras bonitas sem verdade no íntimo
desagradam a Deus. É uma grande tragédia que pessoas religiosas,
ignorantemente, praticam sua religião e se tornam ainda piores.
Em segundo lugar, eles negligenciam o mandamento de Deus
(7.8). Os escribas e fariseus eram culpados de colocar a mera tradição humana
acima do mandamento divino, uma regra feita pelo homem acima de um mandamento
dado por Deus. Eles deturparam o mandamento de Deus para manter a tradição dos
homens. Eles deram mais valor à sua tradição oral do que a Palavra escrita de
Deus.
Em terceiro lugar, eles rejeitaram jeitosamente o preceito
de Deus (7.9-12). Os escribas e fariseus chegaram ao ponto de anular e
invalidar um preceito infalível de Deus para confirmar sua tradição fraca e
miserável. Jesus fala sobre o arranjo jeitoso que os rabinos fizeram para
deturpar a quinto mandamento e liberar os filhos avarentos da responsabilidade
de cuidarem de seus pais na velhice. Esses líderes proclamavam amar a Deus, mas
não tinham amor pelos pais. O mandamento para honrar pai e mãe está fartamente
documentado nas Escrituras. Honrar pai e mãe é mais do que simplesmente
obedecer-lhes. O que realmente importa é a atitude interior do filho em relação
aos seus pais. Essa atitude é o que, na verdade, produz honra. Toda obediência
interesseira, relutante, ou produzida pelo terror é, descartada. Honra implica
amor e alta consideração.
Como os escribas e fariseus anularam esse preceito bíblico?
Pela errada aplicação da lei de Corbã. Quando um filho mal tinha a intenção de
desamparar pai e mãe, sonegando a eles a assistência devida, dizia a eles que
não podia ajudá-los, porque haviam dedicado esses recursos financeiros como
oferta ao Senhor. Desta maneira ficavam “legalmente” isentos de socorrer os pais
e não necessariamente, dedicavam essas ofertas a Deus. O filho que declarava: É
Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para seu próprio uso. Ernesto
Trenchard coloca essa questão como segue:
A palavra Corbã quer dizer “dedicado a Deus”, e se empregava
quando um homem queria dedicar seus bens à tesouraria do Templo. Mas, por um
acordo com os sacerdotes israelitas, podia “dedicar” seu dinheiro ou sua
propriedade ao Templo, ao mesmo tempo, que desfrutava deles durante a sua vida,
deixando-os como um legado a serviço do Templo. Caso este homem, segundo a
santa obrigação natural e legal, tivesse o dever de manter os pais idosos ou
enfermos, os mesmos sacerdotes lhe impedia de ajudá-los com esses fundos que
eram “Corbã”, para não subtrair o levado do Templo. Este caso suscitou a justa
indignação do Senhor, pois por um ímpio subterfúgio, e sob uma aparência de
piedade, se violava um dos principais mandamentos de Deus.
Em quarto lugar, eles invalidaram a Palavra de Deus (7.13).
Os escribas e fariseus estavam não apenas ignorando, mas também invalidando a
Palavra de Deus. Eles estavam retirando a autoridade divina do quinto
mandamento. Por outro lado, estavam colocando em seu lugar uma tradição injusta
e iníqua. Jesus deixa claro que a oferta de Corbã era apenas um exemplo dos
muitos desvios desses falsos mestres.
O grande pilar da ortodoxia evangélica é a verdade de que a
Palavra de Deus é nossa única regra de fé e prática. Esse marco tem sido
removido ainda hoje. Preceitos de homens têm sido colocados no lugar da bendita
Palavra de Deus.
III. O PRECEITO – v. 14-16
1. A contaminação vem de dentro e não de fora – v. 15
A verdadeira espiritualidade não é ritual nem cerimonial,
mas procede da sinceridade do coração. Não é o que homem põe para dentro, mas o
que sai do seu coração. Esse preceito de Jesus tem duas implicações:
Em primeiro lugar, Jesus refuta a ideia de que o homem é
produto do meio. O mal não vem de fora, mas de dentro. O mal não está no
ambiente, mas no coração. Jean Jacques Rousseau estava equivocado ao ensinar
que o homem é bom por natureza. Jesus de Nazaré, o maior de todos os mestres,
revela a maldade inerente do ser humano.
Em segundo lugar, Jesus refuta a ideia de que o ritualismo
externo pode nos tornar agradáveis aos olhos de Deus. Lavar as mãos ou
purificar utensílios não nos torna limpos aos olhos de Deus. Ele não atenta
para a aparência, mas vê o coração. Ele busca verdade no íntimo.
2. Em vez de purificações cerimoniais devemos afiar nosso
entendimento e nossos ouvidos – v. 14,16
Em vez de ser um prisioneiro do legalismo farisaico, Jesus
exorta a multidão a ter uma espiritualidade governada pelo entendimento da
verdade de Deus. Jesus dá uma grande ênfase à necessidade de ouvir e
compreender. Não podemos seguir interpretações enganosas, antes devemos
inclinar nossos ouvidos à Palavra de Deus.
IV. EXPLICAÇÃO – v. 17-23
1. A verdadeira pureza tem a ver com o coração e não com o
estômago – v. 18-20
Jesus está acabando com a paranoia da religião legalista das
listas intermináveis do pode e não pode. Jesus está declarando puros todos os
alimentos. Não podemos considerar impuro o que Deus tornou puro (At 10.15). O
alimento desce ao estômago, mas o pecado sobe ao coração. O alimento que
comemos é digerido e evacuado, mas o pecado permanece no coração, produzindo
contaminação e morte.
2. Os grandes males procedem do coração e não do ambiente
externo – v. 21-23
Jesus aponta o coração como a fonte dos sentimentos,
aspirações, pensamentos e ações dos homens. Essa fonte é, também, a fonte de
toda contaminação moral e espiritual. Jesus não tinha ilusões sobre a natureza
humana como alguns teólogos liberais e mestres humanistas da atualidade.
Marcos cita doze pecados que brotam do coração. Os seis
primeiros estão no plural e os outros no singular. Os primeiros seis indicam
más ações, enquanto os últimos seis falam do estado do coração, do
direcionamento maligno, bem como das palavras que são relacionadas a essas
ações. Há outras listas de pecados registradas no Novo Testamento.
O termo introdutório “os maus desígnios”, dialogismoi,
literalmente significa “os maus diálogos”. Uma pessoa está quase sempre
dialogando em sua própria mente, arrazoando, cogitando, deliberando. Esses
diálogos provocam ações e estimulam o estado interior.
Vejamos em primeiro lugar, as seis ações pecaminosas.
Prostituição – O termo pornéia indica o pecado sexual em
geral, todo comportamento sexual ilícito, seja dentro ou fora do casamento. A
prostituição inclui a pornografia, a fornicação, o adultério, o homossexualismo,
bem como, toda impureza moral.
Furtos - Na língua grega há duas palavras para furto:
kleptes e lestes. Lestes é o bandoleiro, assaltante. Barrabás era um destes (Jo
18.40). Kleptes é um ladrão. Judas era um ladrão quando subtraía da bolsa (Jo
12.6). A palavra usada aqui é klopai. O furto é a apropriação indébita daquilo
que não nos pertence. É a retenção intencional daquilo que pertence a outro:
seja o governo civil, o próximo, ou mesmo Deus.
Homicídios - Inclui tanto o ato como o desejo de tirar a
vida do próximo. Este pecado inclui tanto o ódio, como o assassinato e bem como
o aborto.
Adultérios - Esta é a violação dos laços do matrimônio,
envolvendo um ato sexual voluntário entre um homem e uma mulher com uma pessoa
que não é o seu cônjuge. Jesus ampliou a transgressão desse pecado para o olhar
cobiçoso (Mt 5.28).
Avareza - Avareza é um apego idolátrico às coisas materiais,
sonegando toda sorte de ajuda ao próximo nas suas necessidades. O termo usado é
pleonexiai, o desejo ardente de ter o que pertence a outros. A ganância é como
uma peneira que nunca fica cheia.
As malícias - Isto poderia muito bem ser um somatório de
todas as manifestações iníquas, tanto as já mencionadas quanto as outras.
Vejamos em segundo lugar, os pecados que retratam o estado
do coração:
Dolo - O dolo pode ser definido como artimanhas do engano.
Lascívia - Impulso pecaminoso como luxúria e licenciosidade.
Inveja - É o desprazer de ver uma pessoa possuir algo.
William Hendriksen diz que esse é um dos pecados mais destrutivos da alma. Ela
é como podridão nos ossos (Pv 14.30). Nossa palavra inveja vem do latim
in-video, que significa “olhar contra”, ou seja, olhar com má vontade para uma
outra pessoa por causa do que ele tem ou é. Foi a inveja que provou a morte de
Abel, jogou José no poço, provocou a revolta de Core, Datã e Abirão, levou Saul
a perseguir Davi, gerou as palavras rancorosas do “irmão mais velho” do pródigo
e crucificou Jesus.
Blasfêmia - Palavras abusivas e difamações. Refere-se à
difamação do caráter, ao xingamento, à calúnia, linguagem desdenhosa ou
insolente dirigida contra outra pessoa, seja diretamente para ela, ou pelas
suas costas.
Soberba - A tendência maligna de imaginar-se melhor, mais
hábil ou maior do que os outros.
Loucura - William Hendriksen diz que esse termo resume as
cinco propensões e palavras anteriores.
CONCLUSÃO.
O remédio é um novo coração. É mais difícil ter um coração
limpo do que mãos limpas. De fato, é impossível ter uma vida aceitável a Deus,
com nossos corações contaminados longe de sua graça purificadora. O evangelho
trabalha de dentro para fora, provendo a motivação interna necessária para
adquirir caráter justo e para livrar-se “de toda impureza e acúmulo da maldade”
(Tg 1.21).
Rev. Hernandes Dias Lopes
ESTUDO-22 VENCENDO OS GIGANTES
ESTUDO-22 VENCENDO OS GIGANTES
DATA_____/_____/_____
ESTUDO-22
VENCENDO OS GIGANTES
Texto Base: 1º Samuel-17.0-1:28
INTRODUÇÃO
Muitas pessoas planejam triunfar na vida, e por um tempo
sobem os degraus do sucesso, mas no final acabam fracassando.
Esse fato pode ser visto na saga esportiva brasileira. Em
1950 o Brasil hospedou a copa mundial de futebol. O Brasil era o mais forte
candidato ao título. Venceu o México de 4 a 0. Empatou com a Suíça de 2 a 2.
Venceu a Iugoslávia de 2 a 0. Goleou a Suécia por 7 a 1 e derrotou a Espanha de
6 a 1. Foi para a final no dia 16 de julho de 1950 contra o Uruguai dependendo
apenas de um empate, mas foi derrotado no Maracanã por 2 a 1.
-Hoje vocês estão se sagrando campeões na primeira batalha
da vida. Mas outras refregas virão. Há gigantes no caminho da vida que precisam
ser enfrentados e vencidos. Os gigantes revelam quem somos: covardes ou
corajosos. Há gigantes reais e fictícios. Exemplo: Os dez espias de Israel:
“Somos aos seus olhos como gafanhotos”.
-Há desafios pela frente. O país passa por uma crise aguda.
A economia está em crise. A saúde está em crise. A família está em crise. Há
gigantes em cada esquina. Como vencê-los?
I. Você só vence gigantes quando tapa os ouvidos a voz de
pessimismo do povo v.10,11.
1-O gigante Golias era um homem de mais de 3 metros de
altura. Era uma duelista que infundia medo. O rei, seus exércitos e o povo
tremia de medo. Durante quarenta dias o gigante afrontou os exércitos de
Israel. Ninguém tinha coragem de lutar contra ele. A voz do povo era de total
pessimismo. Mas Davi não deixou o
pessimismo do povo roubar a sua coragem. Ele enfrentou o gigante e o venceu.
2-A voz do povo é uma voz de fracasso. As pessoas comentam
sobre a crise. Elas estão derrotas pela crise. Eles só olham para a altura dos
gigantes. Mas é no tempo de crise que se revelam os heróis. É no ventre da
crise que nascem os vencedores. Não escute a voz dos pessimistas. Não dê
atenção aos medrosos. Você pode derrubar os gigantes. Você pode ser um
vencedor. Exemplo:
a) Isaque cavou poços
no deserto. Semeou em tempo de fome e colheu a 30, a 60 e 100 por um;
b) Franklin Delano Roosevelt queria ser presidente dos EUA.
Nascido em 30/01/1882 em New York. Estudou na Universidade de Harvard e
Columbia. Exerceu a advocacia por um tempo, mas deixou para se dedicar à
política. Aos 39 anos foi vítima de poliomielite, ficando paralítico da cintura
para baixo. Ele não desistiu de seus sonhos. A multidão devia que ele jamais
poderia ser presidente. Foi o único que foi eleito 4 vezes consecutivamente
presidente dos EUA.
II. Você só vence gigantes quando triunfa sobre as criticas
dos que estão a sua volta v. 28-30;
1-A crítica machuca quando vem de alguém que está acima de
nós – Eliabe era o irmão mais velho.
2-A crítica machuca quando questiona as nossa motivações–
Eliabe achou que Davi era motivado pela presunção.
3-A crítica machuca quando é continua – “Que fiz eu agora?”
– Eliabe estava criticando Davi sempre.
4-A crítica machuca quando vem de pessoas que nos conhecem a
muito tempo. Eliabe cresceu com Davi. Era seu irmão. Era da própria família.
Quando mais íntima é a relação, mas dolorosa é a crítica.
5-A crítica machuca quando vem de pessoas que não acreditam
em nosso potencial v. 31-33 – “Você não pode…”; “você não tem experiência”;
“você é ainda muito jovem”.
6-A Revista Time de Abril de 1986 publicou um artigo sobre
homens sem perspectivas de futuro:
A- Bethoven – “Esse jovem tem uma maneira estranha de
manusear o violino. Prefere tocar suas próprias canções ao invés de aprimorar
suas técnicas”. Seu professor o qualificou como SEM ESPERANÇA como compositor.
B- Walt Disney – Foi despedido por um editor de um jornal
por FALTA DE IDÉIAS. Walt Disney foi à falência várias vezes.
C- Thomas Alva Edson – Seu professor lhe disse que ele era
muito estúpido para aprender qualquer coisa. Registrou a patente de mais de
1.000 invenções.
D- Albert Einstein – Sua tese de doutorado em Bonn foi
considerada irrelevante e sofisticada. Alguns anos depois seria expulso da
Escola Politécnica de Zurich.
E- Luiz Pasteur – Foi apenas um estudante medíocre. Em
Química foi colocado em décimo quinto lugar num grupo de 22. Inventou a
penicilina.
F- Henry Ford – O primeiro a fabricar carros em série. Foi à
falência cinco vezes antes de ser bem sucedido nos seus negócios.
7-Não deixe as críticas colocar medo no seu coração. Fuja
dos críticos e enfrente e vença os gigantes.
III. Você só vence gigantes quando desiste de lutar com as
armas alheias para ser Autentico v. 38-40;
1- Saul queria colocar uma armadura em Davi que não era
dele. Davi disse: “Não posso andar com isto” e “Davi tirou aquilo de sobre si”
(v. 38-39). Não podemos enfrentar gigantes com armas alheias.
2- Em tempos de crise as pessoas irão fazer com que você se
torne iguais a elas. Seja você mesmo. Você é uma pessoa única, singular. Você
pode vencer com os dons e talentos que Deus lhe deu. Você pode vencer no mesmo
campo crivado de perdedores.
3- Não se assuste se os gigantes ameaçam você e tentam
escarnecer de você. Agarre os gigantes pelo pescoço e triunfe sobre eles.
Exemplo: Og Mandino em seu conselho para se viver com um vencedor.
IV. Você só vence gigantes quando está determinado a vencer
v. 48;
1- Davi não andou para a linha de batalha, ele correu. Ele
estava ansioso para ganhar, para vencer. Ele era um homem determinado.
2- Por que Davi escolheu 5 pedras? Ele pensou: “Se eu falhar
na primeira, na segunda, na terceira, na quarta tentativa, eu não vou
desistir.”
3- Deus não criou você para ser um fracasso. Ele quer
conduzir você em triunfo. Não desista de lutar e vencer.
Exemplo: O maior presidente americano em todos os tempos foi
Abraham Lincoln. Nasceu na roça. Trabalhou na enxada. Trabalhava para pagar os
livros. Estudava à noite até às madrugadas. Seu nome é famoso no mundo inteiro
com nome de ruas, avenidas, bancos, universidades, carros. Mas Lincoln era um
homem determinado a vencer apesar das aparentes derrotas: Aos 22 anos fracassou
em seus negócios. Aos 23 anos foi derrotado para a Legislatura. Aos 24
novamente fracassou em seus negócios. Aos 25 anos foi eleito para a
Legislatura. Aos 27 anos foi vítima de um colapso nervoso. Aos 29 anos foi
derrotado à candidatura de presidência da câmara. Aos 31 anos foi derrotado no
Colégio Eleitoral. Aos 39 anos foi derrotado na sua candidatura ao Congresso.
Aos 46 anos foi derrotado para o Senado. Aos 47 anos foi derrotado na sua candidatura
à vice-presidência. Aos 49 anos foi derrotado na sua candidatura ao Senado. Aos
51 anos foi eleito presidente dos Estados Unidos. Não desista de lutar e
vencer. Não se contente com nada menos do que a vitória. Ser um vencedor de
gigantes!
V- Você só vence
gigantes quando reconhece que a vitória vem de Deus e a glória deve ser
devolvida a Deus v. 37,45,47;
1- Davi entrou na peleja sabendo que é Deus quem nos conduz
em triunfo. A vitória vem de Deus. É ele quem fortalece as nossas mãos para a batalha.
Ele é o nosso criador, sustentador, redentor, protetor. Não vencemos por causa
da nossa sabedoria, força ou estratégias.
Exemplo: Podemos nos sentir como aquele camundongo que
estava atravessando uma ponte nas costas de um elefante. No meio do trajeto
sobre o abismo, a frágil ponte balançou na sua estrutura. Quando eles chegaram
do outro lado, o camundongo olhou para seu grande companheiro e lhe disse:
“Rapaz, nós chacoalhamos aquele ponte, hein?”. Quando andamos com Deus é assim
que nos sentimos, como um camundongo com a força de um elefante; e depois de
atravessarmos as águas turbulentas da vida, podemos dizer como o camundongo:
“Deus, nós chacoalhamos aquela ponte, hein?”
2- Saul e seu exército fugiu porque olharam para o tamanho
do gigante. Davi venceu porque olhou para Deus. Quem olha para os gigantes se
intimida e como os espinhas de Israel passam a sofrer a síndrome de gafanhoto.
Mas quando nossos olhos estão em Deus podemos dizer: “Se o Senhor se agradar de
nós, podemos”.
3- As vitórias que temos vêm de Deus e devemos dar glória ao
nome de Deus. Esse culto não é para homenagear vocês, mas para louvar a Deus
que lhes conduziu até aqui em triunfo. Só ele é digno de louvor. Só ele merece
a glória. Só ele deve ser engrandecido. Devemos depositar aos seus pés as
nossas coroas. Se você tem Jesus com você, você tem tudo. Em Cristo você tem
vida, vitória, salvação, esperança. Exemplo: O homem rico que coleciona quadros
famosos. “Quem tem o Filho tem tudo”.
Conclusão:
Vocês já venceram alguns gigantes. Mas outros virão. A luta
continua. Não se deixem intimidar. Deus pode lhes conduzir sempre em triunfo.
Exemplo: Roy Rigels no dia 01/01/1919 no jogo entre a Universidade da
Califórnia e Geórgia. Era o jogo final. Fracassou no primeiro tempo. Seu técnico
lhe disse: Você ainda tem o segundo tempo. Volte a campo e lute e vence. O jogo
ainda não acabou. Ele voltou e venceu!
Por Hernandes Dias Lopes /
ESTUDO-21 VENCENDO A GUERRA: ESPIRITO , CARNE
ESTUDO-21 VENCENDO A GUERRA: ESPIRITO , CARNE
DATA______/_____/_____
ESTUDO-21
VENCENDO A GUERRA: ESPIRITO X CARNE.
TEXTO. Gl 5: 17.
INTRODUÇÃO
Há uma guerra incessante acontecendo na vida de todos. Não é
a batalha da lei versus a graça. Esta já foi ganha por Jesus na cruz. É sim a
guerra do Espírito versus carne: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o
Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si...”, Gl 5: 17.
A palavra Espírito está em maiúscula e, na gramática, isso
significa que se trata de uma pessoa. Observe que Espírito e carne são opostos,
são inimigos. Por não estar atento a isso, há cristãos que vivem no campo da
derrota. Então, o que é necessário para ser vitorioso?
Vejamos:
1-Conhecendo a carne
Neste texto, carne não significa corpo ou matéria, não
significa o palpável, o gerado e concebido por uma mulher. Não é o corpo
físico. Por isso é que o nosso corpo não é a sede de todos os pecados. Quem
pensa dessa forma está desvirtuando a Palavra de Deus deixada para orientação
de nossas vidas.
Há cristãos que estão equivocados com esta passagem da
Bíblia. Para muitos, o seu corpo tem sido o culpado vital de seus fracassos.
Porém, esse texto faz alusão à natureza humana. No contexto, os pecados
mencionados como obras da carne são pecados espirituais manifestados através do
corpo, Gl 5: 19-21. A origem, a sede é a natureza humana; o corpo é apenas um
instrumento que pode ser usado para satisfação da carne ou do Espírito, Gl 5:
16 e 24.
Andar a partir do senso e razão pessoal implica em viver sem
a orientação de Deus, executar o próprio querer sem se importar com o querer de
Deus. E é justamente nesse ponto que muitos cristãos têm tombado e perdido a
guerra. Policiam tanto o corpo e se esquecem de tomar conta de suas intenções e
vontades. Não conseguem se render inteiramente a Deus e ao Espírito Santo, que
é o agente ativo na vida do cristão.
Assim, há uma guerra sendo travada na psique humana, isto é,
a carne, as vontades pessoais, a razão humana lutam incansavelmente contra o
Espírito. São duas vontades lutando em uma só mente. Por isso, o apóstolo Paulo
escreveu: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”, Rm 7: 18-19.
Veja bem, Paulo desejava o bem, porém sua razão não
propiciava o realizá-la. É a natureza carnal que faz com que o cristão realize
coisas que não quer. Por exemplo: será que uma pessoa tem inveja por que quer?
Ou será que tem ciúmes por que deseja?
Preste atenção no que Paulo afirma: “Porque não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” - O que é isso? É guerra entre
a natureza pecaminosa e a natureza Santa do Espírito. É guerra da vontade
própria e contra a vontade de Deus. Na verdade, existe uma resistência
involuntária da parte humana, e é esta resistência que cria este atrito espiritual,
ou seja, é a nossa carne resistindo à vontade de Deus.
2-Conhecendo o Espírito
Mas que Espírito é este? Bem, este é o Espírito de Deus, o
qual passa a fazer morada no coração humano quando este aceita a Jesus Cristo
como seu Salvador. O Espírito Santo é o agente responsável em conduzir o crente
a fazer a vontade de Deus.
Dessa forma, é possível entender porque há uma guerra
irreconciliável instalada na mente do cristão. Esse texto de Gálatas é uma
prova irrefutável de que existem dois antagonistas (adversários) agindo no
coração do crente. Não há outra maneira para explicar o fato de que nem sempre
o cristão obedece aos ditames de sua consciência. Se isso tem acontecido é
porque existe um ser vivo resistindo e afrontando o nosso próprio querer. Este
ser é o Espírito Santo que revela a vontade de Deus para todos.
Jesus não prometeu o Espírito Santo simplesmente para que
falássemos em línguas estranhas. Também foi para auxiliar o cristão a subjugar
o próprio eu, para fazer guerra contra a natureza carnal. Por isso, para que o
crente ande no Espírito, o apóstolo Paulo recomendou: “E não vos embriagueis
com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”, Ef 5: 18.
Intimidade com o Espírito Santo é fundamental para uma vida
cristã vitoriosa. Ele é o opositor da carne, é o que docemente constrange o
crente a fazer a vontade de Deus. Agora que o leitor já conhece os antagonistas
e um pouco desse conflito interior, pode-se perguntar: o que fazer para ser
vitorioso?
3-Espírito x carne, quem vence?
Esta guerra nada mais é do que o querer do ser humano versus
o querer de Deus. Pois bem, o ser humano é onisciente? É onipotente? É
onipresente? Claro que não. O ser humano é impotente diante de Deus. Mas, mesmo
sabendo disso, a natureza carnal se opõe à vontade de Deus. O resultado é a
batalha que se trava na mente humana.
No dia-a-dia, o Espírito Santo não importa com os desejos da
carne, e sim com o que Deus acha de uma situação. O Espírito tem a incumbência
de fazer valer na vida do cristão a vontade do Senhor. Mas para que obtenha
total êxito sobre a carne, é preciso que o crente aprenda a viver na
dependência de Deus, que reconheça que o seu querer está contaminado pelo
pecado, que assuma, de forma cabal, que é da sua natureza carnal que fluem os
desejos pecaminosos, Mt 15: 19.
Muitos vivem na derrota porque não têm andado na dependência
de Deus. O crente deve estar consciente de que só vencerá se render sua vida a
Deus. Por esse caminho, o Espírito Santo tomará o controle total de sua vida. A
carne será mortificada e o Espírito será vencedor. Jesus deixou um exemplo
sobre o que é viver no Espírito: “Pai, se queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua”, Lc 22: 42.
Deus quer que o cristão tenha constantes vitórias. Mas para
isso o Espírito tem que vencer a carne. Então o leitor deve viver no Espírito.
Mas o que é viver no Espírito? Paulo responde: “logo, já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”, Gl 2: 20.
Conclusão
A carne, na verdade, tenta constantemente nos impulsionar
para baixo, para a derrota, enquanto o Espírito se esforça para nos impulsionar
para cima, para a vitória. Porém, para que haja um vencedor, é necessário dar a
sua contribuição, fazer a sua parte, que é se render ao agir do Espírito Santo
de Deus. Seja um vitorioso.
ESTUDO-20 OPRESSÃO E POSSESSÃO
ESTUDO-20 OPRESSÃO E POSSESSÃO
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ESTUDO-20
OPRESSÃO E POSSESSÃO.
Marcos 5: 1-20
INTRODUÇÃO
A ação de Satanás para atingir os filhos de Deus não é
novidade para nós, cristãos. A Palavra está repleta de versículos e relatos que
falam acerca das constantes tentativas do diabo de derrotar os salvos. Jesus
preparou seus discípulos para que tivessem vitória na luta contra o inimigo, Mt
26: 41.
Neste estudo vamos analisar dois assuntos de grande
interesse relacionados à batalha espiritual: opressão e possessão demoníaca.
São estratégias do inimigo para ir assumindo o controle da vida das pessoas.
I - OPRESSÃO
Opressão é a presença de demônios em determinados ambientes
e sua influência direta sobre as pessoas. Há no Novo Testamento diversas
referências à opressão demoníaca, Lc 4: 18; At 10: 38. As forças do mal invadem
o local e o tornam pesado e carregado. Os demônios assediam as pessoas que
moram ou frequentam aquele lugar, exercendo pressão sobre elas e, muitas vezes,
as levam à exaustão e à depressão. Essa invasão maligna só ocorre quando se dá
lugar à ação do diabo.
a) Os demônios procuram nossos pontos mais vulneráveis. Com
isso, enfraquecem nossa resistência moral e espiritual. Eles trazem a preguiça,
o desânimo, as incertezas, a indiferença, a desobediência, etc. Para trazer
males à igreja, o inimigo procura agir com frequência na família. E muitas
abrem as portas para o tentador. Quantas que, quando se reúnem, o que mais
gostam de fazer é falar mal dos outros. São lares onde as palavras são
instrumentos de destruição, ao invés de bênção e edificação.
b) Todos os seres humanos, inclusive o crente, estão
sujeitos à opressão. A opressão pode atingir qualquer área da vida. As mais
afetadas são as seguintes:
- Moral, levando à mentira, prostituição, roubos,
assassinatos, etc;
-Física, causando enfermidades e doenças. O diabo oprimiu Jó
e, mediante permissão de Deus, trouxe-lhe enfermidade. No entanto, nem todas as
enfermidades e doenças são de origem maligna;
-Material, levando o homem à obsessão por bens, dinheiro,
cargos, etc;
-Espiritual, induzindo à idolatria, à prática de ocultismo.
c) Como obter vitória? O crente que luta contra essa ação do
maligno é vencedor, porque seus pés estão firmados na Rocha Eterna, Sl 40: 2. A
maneira que Jesus ensinou para vencermos o maligno é atacá-lo pela oração,
jejuns e proclamação da Palavra, destruindo suas armas de engano e tentação
demoníacas, Mt 17: 21.
II - POSSESSÃO
Se a opressão é a presença de demônios em torno da pessoa, a
possessão é a presença de um ou mais demônios dentro dela, Mc 5: 9-13. A
opressão opera de fora para dentro, já a possessão, de dentro para fora. É
sinal de que o diabo alcançou grande domínio sobre a vida da pessoa.
a) Demônios controlam reações. Quando os demônios não apenas
dominam o ambiente, mas passam a controlar uma pessoa, existe um típico caso de
possessão. Em Mc 5: 1-20 há um exemplo disso. O homem andava sempre nu, Lc 8: 27,
de noite e de dia clamando entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com
pedras.
Quando uma pessoa está possessa, ela perde o controle de si
mesma. O homem gadareno (Marcos 5) tinha o corpo dominado e usado por demônios,
vv. 1-4; perdera a sensibilidade física (não sentia dor, frio, fome), v. 5, bem
como o controle das faculdades: voz, ação, locomoção, vv. 6-7.
No entanto, depois de libertado por Jesus, foi encontrado
assentado, vestido e em perfeito juízo. Outros casos de possessão demoníaca
podem ser vistos em Mc 9: 17-27; Mt 9: 32, 33; 12: 22. Alguns deles estão
ligados a enfermidades.
b) Opressão e possessão podem atingir o crente?
Quanto à opressão, o crente deve estar atento, pois o
inimigo vai persegui-lo a cada dia, a cada esquina, a cada passo, para tentar
derrubá-lo ou desviar de seu propósito de busca de santidade e da consequente
comunhão com o Senhor. Ele anda ao derredor. Apenas ao derredor.
Quanto à possessão, Ef. 1: 13 diz que o verdadeiro crente é
selado com o Espírito Santo e a Palavra também ensina que luz e trevas não têm
como coexistir, Jo 8:12; 1:5; 12:46. O crente tem um só Senhor vivendo em seu
coração e dirigindo sua vida. Assim, onde a luz entrou, as trevas
desapareceram. Quando o Espírito Santo entra na vida do cristão, transforma seu
caráter e seu estado anterior de trevas, substituindo-os pela luz. Neste caso,
a presença do Espírito Santo no crente, afasta a possibilidade de que as trevas
tornem a dominar sua vida material e espiritual, At 26:18.
Na verdade, nossa batalha contra falhas pessoais e aberturas
de brechas para que o inimigo possa atirar uma seta deve ser constante. Que
nossas atitudes e as palavras que proferimos venham a se constituir em bênção a
todos, Ef 4: 29; que confessemos a vitória, Fp 4: 3; que vigiemos e oremos em
todo tempo, Mc 14: 38; Lc 22: 40.
Maior é o que está em nós. Deus nos chamou para abençoar a
todos indistintamente. Abençoar é declarar o bem das pessoas, crendo que Deus
endossará as nossas palavras. Abençoar é clamar a Deus em nosso benefício ou de
alguém, Nm 22: 6.
III - A VITÓRIA EM CRISTO, Fp 3: 12-14
Cristo libertou-nos para que pudéssemos apresentar a Deus,
voluntariamente, nossa adoração, reverência, fé, amor e esperança. Jesus nos
devolveu a alegria de uma comunhão sincera com Deus. Nosso espírito está livre.
Nossa alma, outrora escravizada pelo inimigo, estava oprimida, desfalecida. Contudo, agora,
liberta por Deus, ela libera:
-A força do seu intelecto. Servimos a Deus com inteligência,
Rm 12: 2;
-A força emotiva. Antes, chorávamos de tristeza; agora
choramos de alegria pela presença de Jesus, Sl 126:3;
-A força da memória. Esquecemo-nos do que ficou para trás,
prosseguindo para o alvo da nossa vocação, isto é, do chamado por Deus, Fp 3:
13;
-A força da consciência, fazendo tudo para agradar a Deus,
de livre e espontânea vontade, 1Jo 3: 22;
-A força do seu raciocínio, meditando e agradecendo a Deus
pela grande salvação e libertação oferecidas por Jesus Cristo, Hb 2: 3.
ESTUDO-19 O MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL: UMA ANÁLISE Á LUZ DAS ESCRITURAS
ESTUDO-19 O MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL: UMA ANÁLISE Á
LUZ DAS ESCRITURAS
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ESTUDO-19
O MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL: UMA ANÁLISE Á LUZ DAS
ESCRITURAS
O MÉTODO BÍBLICO DE BATALHA ESPIRITUAL
Como se deve
guerrear contra o inimigo?
Quais são as armas
disponíveis?
As Escrituras nos
dão o método de combate que deve ser seguido se quisermos ter, realmente,
vitória contra as força demoníacas.
A seguir veremos as
armas de ataque que estão à nossa disposição.
I — AS ARMAS DE ATAQUE
1 — A Pregação do Evangelho
Eis uma arma eficaz
contra o inimigo: a pregação da verdade!
“Porque todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem
não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não
há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão
formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres
novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías
diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:13-17)
Diante desta
maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a
pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem
pela pregação da Palavra de Deus e não através de “orações de guerra”.
Champlin comenta sobre este texto da seguinte forma:
“O propósito da
pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o
seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos
catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz
obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a
mensagem de Cristo.”
(R. N. Champlin — O NOVO TESTAMENTO INTREPRETADO, VERSÍCULO
POR VERSÍCULO, pág. 780)
Está escrito:
“E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)
É a verdade de
Deus, Cristo, que liberta!
Não é ordenando a
demônios que liberem as pessoas: este poder quem tem é o evangelho e é
exatamente por isso que devemos comunicá-lo!
Jesus não
comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais, mas
comissionou-os a pregar o Evangelho:
“E disse-lhes: Ide
por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15)
“Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo.” (Mateus 28:19)
O apóstolo Paulo,
quando se converteu, foi logo pregar o evangelho na sinagoga (Atos 9:20); em
suas viagens missionárias pregava o evangelho (Romanos 15:18-20); exortou ao
seu filho na fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Timóteo 4:2); e, no final
de sua carreira, quando estava preso, ainda pregava o evangelho (Atos 28:31).
Jesus Cristo e o
apóstolo Paulo enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os
incrédulos.
Se “amarrar” e
“destituir” principados e potestades antes de anunciar a Cristo fosse tão
importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um fator tão
importante?
Sobre isto Ricardo
Gondim comenta:
“O triunfo dos
cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da
proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode
libertar os cativos. A verdade liberta.”
(Ricardo Gondim — OS SANTOS EM GUERRA, pág. 174)
O evangelho de
Cristo é, em si mesmo, poderoso para a salvação daqueles que creem.
É claro que pode-se
variar nos métodos de comunicação deste; no entanto, não se pode fiar nestes
métodos para a salvação do perdido.
2 — Intercessão
A palavra
“intercessão” vem do latim — “intercedere” — e significa “ficar entre”.
No caso da oração é
aplicada ao ato da petição, súplica a Deus por algo ou alguém.
Paulo, em sua carta a Timóteo, reconhece o valor da súplica
em parceria da pregação do evangelho para a salvação:
“Admoesto-te, pois,
antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de
graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência,
para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;
Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos
os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. (1 Timóteo 2:1-4)
É necessário observar-se que a forma de oração que Paulo
exorta para que se faça é: súplica, intercessão e ação de graça.
Quando se olha para
a oração que Paulo exorta a ser feita, pode-se denominá-la de “oração
evangelística”: esta é a oração — constituída por súplicas, intercessões e
ações de graça — feita por todos homens, com o propósito de viver-se
tranquilamente e salvar aqueles que estão perdidos.
A intercessão é uma
arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas.
O apóstolo Paulo
ainda fala sobre o valor da oração:
“E por mim; para que
me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer
notório o mistério do evangelho.” (Efésios 6:19)
Percebemos que,
quando se observa os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo
“suplicar”, “rogar”, “segundo a tua vontade”… são comuns e significativamente
repetitivas.
Elas têm grande
significado para o cristão: nelas encontra-se intrínseca a confiança em Deus
para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização.
O evangelismo deve
ser recheado pela oração, assim como fez Jesus (Marcos 1:35) e os apóstolos
(Atos 4:31); mas esta oração, para ser eficaz, deve ser feita a Deus, o Pai da
luzes, e não ao diabo!
II — AS ARMAS DE
DEFESA
Quando o cristão
vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é
lógico que este irá reagir.
E quando isto
acontecer… o que fazer?
Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo diz o
propósito:
“… para que possais
resistir no dia mau.” (Efésios 6:13b)
Este vocábulo, “resistir”, é um verbo — do grego, αντιστηναι — que exprime a ideia de opor-se,
defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme.
A ideia que expressa
por este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não
lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória.
Ele aparece,
também, em passagens como Tiago 4:7 e 1 Pedro 5:9.
A pergunta é: como
resistir, opor-se, fazer face ao diabo?
Em Efésios 6:14-17,
Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da
armadura de Deus.
1 — A Armadura de Deus
Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado
romano, preparado para a guerra: ele usa esta figura para exemplificar a luta
do crente e como este pode vencer.
A metáfora denota o
revestimento do Senhor Jesus que o crente deve ter: todas as partes da armadura
são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito
Santo.
Alguns “vestem” a armadura ao proferir algumas orações, como
algo místico de eficácia instantânea… no entanto, não creio que essa fosse a
intenção que Paulo tinha em mente.
É certo que o
apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava
pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio
Cristo.
Portanto, essa é a
arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau.
A seguir, veremos
as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:
2— A Verdade
O cinto, ou cinturão,
era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em
volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
Esta verdade poderia,
muito bem, significar a verdade moral — o oposto da mentira — o que seria
lógico, pois satanás é o pai da mentira!
No entanto, é certo
que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do
significado de verdade ética: considera-se que esta verdade é a verdade de
Deus, ou seja, a verdade cristã — o conjunto das doutrinas cristãs — que é o
que sustenta tudo o mais (conforme o mesmo uso da palavra denota em Efésios
4:15).
3— A Justiça
A couraça era uma
peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a
região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a
finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
Paulo, ao usar esta
peça como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação.
Em Romanos 8 ele comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o
justifica.
Isso quer dizer que:
1-Não podemos confiar em nossa própria justiça, ou
santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus,
através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades,
poderá nos separar do amor de Deus;
2-Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a
obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de
forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo — Paulo
aplica este termo, desta forma, em Efésios 4:24 e 5:9.
4 — O Evangelho da Paz
A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo,
era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa.
Esta peça tinha a
finalidade de proteger os pés do soldado onde quer que ele fosse.
Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a
que diz que Paulo está se referindo ao evangelismo.
No entanto, é
preferível a interpretação de que Paulo se refere à paz com Deus, consigo mesmo
e com o próximo, que o Evangelho proporciona: esta paz é a tranquilidade mental
e emocional — oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus — que
o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.
5— A Fé
O escudo, usado como
ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro
do soldado: era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e,
depois, de couro.
Aqui, o apóstolo
Paulo, refere-se a fé salvífica — de acordo com o contexto de Efésios 1:15,
2:8; 3:12 — que produz entrega total da alma do crente a Cristo.
É a crença que
Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do
crente.
Esta fé tem a
eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.
6— Salvação
O capacete, usado por
Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal, sendo
usado para proteger o soldado dos possíveis golpes de espada proferidos contra
sua cabeça.
A salvação do crente
— recebida pela graça divina mediante a fé — é o que o livra dos ataques
aterradores do diabo: é uma proteção divina para o guerreiro que é crente.
Quando a pessoa é
salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o
diabo não a toca.
É interessante notar que todas as demais peças da armadura
eram vestidas pelo guerreiro, mas o escudo era recebido: o seu escudeiro
colocava nele!
Isso denota a
graciosidade da salvação, que é pela graça e, por isso, de graça!
7— A Palavra de Deus
Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque — e
realmente o é — no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa… e o
contexto do texto de Efésios nos dá o subsídio necessário para pensar que,
aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria
dizer usando a espada como ilustração?
Certamente ele estava
falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a
Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna
vigoroso o uso que fazemos dela.
Assim como a espada é
morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida
de quem a lê: a Palavra de Deus, respaldada pelo Espírito Santo, dá vida e é
mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, sendo apta até mesmo para
discernir as intenções do coração (veja Hebreus 4:12).
Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a
declaração de versículos contra o diabo… no entanto, o diabo não corre da mera
declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras,
através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.
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